sábado, abril 26, 2008

Causo de puliça


Em todas as profissões conhecidas (e talvez até mesmo nas desconhecidas) existem os bons e os maus profissionais.

Os bons profissionais são aqueles que desempenham suas funções com ética, respeito e responsabilidade, para com seus colegas de trabalho, instituições e sociedades como um todo. Já os maus profissionais são aqueles que querem a todo custo levar vantagem sobre os demais, agindo com má fé, sendo desleais e não estando nem um pouco preocupados com o resultado de seus atos.
Sendo assim, existem bons e maus jardineiros, bons e maus advogados, bons e maus açougueiros, bons e maus pintores, bons e maus médicos, bons e maus coletores de lixo, etc, etc, etc.

Em certa ocasião tive oportunidade de deparar-me com um caso de mau policial rodoviário. Viajava eu com mais dois colegas de trabalho para um cliente. Na volta para casa, fomos parados no posto da polícia.
O policial veio à janela do veículo (que era dirigido por um dos meus colegas) e alegou que o condutor estava dirigindo a uma velocidade de 52 km/h onde era permitido apenas 40 km/h. Todos ficamos pasmos, por tratar-se de uma rodovia estadual e a informação não ser verdadeira. Notamos que todos os veículos que passavam eram parados e abordados da mesma forma (inclusive a velocidade alegada era a mesma). A situação só foi resolvida após o meu colega pagar "uma cervejinha" para o policial.

Recentemente estava eu retornando de uma cidade vizinha, em companhia de minha esposa, quando fomos parados em um posto policial. Ao parar, pensei: "Meus documentos e os do carro estão em ordem... estou dentro do limite de velocidade... não bebo... estou usando o cinto... não há nada de errado".

O policial chegou à janela do carro, iniciando um diálogo:
- Boa tarde, cidadão.
- Boa tarde, policial.
- Será que eu poderia ver os documentos do condutor e do veículo?
- Pois não... aqui estão.

O policial pegou os documentos, olhou, olhou, olhou... dirigiu-se até a parte traseira do carro... olhou a placa, os documentos, a placa, os documentos. Olhou o vidro traseiro, os documentos, os pneus, os documentos, a lateral do veículo, os documentos...
Aquilo encheu-me de angústia, pois lembrei-me do ocorrido de alguns anos atrás.
Ele retornou à janela do carro e falou, v..a..g..a..r..o..s..a..m..e..n..t..e..:

- Muito beeemmm... "seu" Fulano de Tal...
Neste momento, parou de falar, olhou meus documentos novamente por alguns segundos e prosseguiu:

- ... que mal lhe pergunte...

Parou novamente, olhou os documentos por alguns segundos... a essa altura eu estava agoniado e pensando "o que será que está errado???". Sentindo a minha angústia, o policial finalizou sua pergunta:

- ... mas... qual é o seu credo religioso?

Ante a minha estupefação, o policial continou:

- Tanto seu nome quanto seu sobrenome são nomes de personagens bíblicos!

Após responder àquela inocente pergunta, um tanto quanto estranha (para aquela ocasião), e de trocar algumas impressões com o religioso policial, retomei a viagem, pedindo a Deus que iluminasse o caminho até a nossa chegada e que abençoasse aquele honesto profissional de nossas estradas.
Senti-me um pouco envergonhado pelo pré-julgamento que fiz. Mas, como dizem, "cachorro mordido por cobra tem medo de lingüiça".

E que assim seja!