
No dia de ontem recebi um email contendo alguns registros de candidaturas para as eleições 2010, que ocorrerão em outubro.
Apesar de tratar-se de um assunto sério, o email tinha um ar de "graça", contendo candidaturas de figuras estranhas, que mais parecia uma piada. Mas a informação é verdadeira, é séria.
No Brasil, como sempre, temos o péssimo hábito de fazermos piada de nossas mazelas e brincarmos com coisa séria. Dá no que dá.
Entre os aspirantes a um cargo, seja ela à câmara estadual ou federal, havia figuras conhecidas do eleitorado: jogadores de futebol, "comediantes" (embora eu nunca tenha entendido como as pessoas acham graça aquele humor "ignorante", fanfarrão), cantores, "mulheres-fruta", dentre outros, que fazem com que a eleição mais pareça um conto folclórico do que a decisão sobre o futuro de um país.
Enfim, tudo compreensível em se tratando de Brasil, um país que ainda engatinha no quesito democracia e rasteja na questão cultura.
Infelizmente (ou felizmente) a voz do povo nem sempre é a voz de Deus, pois na grande maioria das vezes ela mais parece o pensamento do "coisa-ruim".
Fiquei pensando sobre o assunto e não consigo deixar de sentir calafrios.
Afinal, o que se passa na cabeça de um pseudo-comediante ao candidatar-se a um cargo desta estirpe? Será que lhe ocorre que sua vida será repleta de gracejos, que as leis que ele ajudará a criar serão cheias de graça?
O que falar então das "mulheres-fruta"? No item "grau de instrução" de um delas, por exemplo, está escrito "lê e escreve". Ou seja, não foi colocado nem ao menos "ensino fundamental incompleto". Difícil imaginar que conseguirá ler e interpretar um texto que contenha mais do que cinco palavras.
E vou mais longe: o que será que ela entende por "Os três poderes"? Busto, cintura e quadril? Será que ela imagina que uma sessão da câmara começará com o presidente largando um funk nervoso e terminará com os parlamentares dançando até o "chão-chão-chão-chãochãochão-chão-chão"?
E assim continuei lendo todos os registros de candidaturas, esboçando a cada uma o meu sorriso cada vez mais amarelo, ante a realidade que se desenha (mais uma vez) em nosso horizonte: teremos uma eleição recheada de candidaturas bizarras, figuras carimbadas e falcatruas eleitorais.
Mais uma vez escolheremos errado, como sempre fizemos.
Depois da lambança feita, como bons brasileiros que somos faremos piada de nossas mazelas e riremos de nossa desgraça. E por fim muitos dirão: "político é tudo igual!".
Pode ser... Mas eleitores também: são todos iguais.