domingo, setembro 10, 2006

Educação é tudo


Quem acompanha a propaganda política, seja na TV ou no rádio, tem notado que vários candidatos à presidência vêm batendo numa tecla: educação. Bastou um candidato dizer que é o candidato da educação, que todos os outros puxaram para si o bordão. É uma pena que isto seja apenas mais um discurso eleitoreiro...

É óbvio que 'educação é a solução' para uma grande parte dos problemas brasileiros. Que o digam países como a Coréia do Sul, por exemplo. Neste país, em praticamente uma geração, a taxa de analfabetismo foi reduzida a índices baixíssimos, acarretando o crescimento e melhora em outras áreas: emprego, renda, saúde. Lógico, pois a educação melhora o mercado de trabalho, injeta mão-de-obra qualificada, cria cidadãos responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres perante a sociedade.

Particularmente, penso que estamos longe deste maravilhoso crescimento no Brasil. Não temos maturidade cultural e política para tamanha revolução. Vivemos no país do 'jeitinho', do faz-de-conta, do enriquecimento ilícito.

A opinião pública vez ou outra repudia os casos de corrupção na política, porém as coisas sempre ficam nisso. Arrisco-me a dizer que a população é, no fundo, conivente com a corrupção que assola as esferas políticas brasileiras. Se você acha que estou dizendo algum absurdo, olhe à sua volta: no seu trabalho, na escola de seus filhos, nos seus momentos de lazer, no trânsito, na comunidade em geral, em todo o canto para onde olhamos, deparamo-nos com o jeitinho brasileiro. Basta a situação permitir, que lá tem mais um brasileiro quebrando as regras. Já diz o ditado: 'a ocasião faz o ladrão'. Há um número incontável de barbaridades sendo cometidas diariamente, aos olhos de quem quiser ver.

Talvez por este motivo as coisas aconteçam livremente no Brasil, sem que culpados sejam punidos e dando-nos a impressão de que a justiça é falha, lenta e só julga os inocentes.

Hoje, navegando pela internet, tive acesso a mais um retrato da realidade brasileira, no que tange à educação e à cultura. Segundo reportagem publicada no Jornal do Commércio do dia 09 de setembro, em julho o brasileiro gastou mais com jogos de azar, cigarro e cabeleireiros do que com educação e cultura.

Segundo Jornal do Commercio:

As despesas com jogos de azar, cigarro e cabeleireiro contribuíram mais para a inflação de julho do que os gastos com livros, jornais e cursos de idioma, técnico e de informática. Essa comparação reforça a tese de quem acredita que o brasileiro não se preocupa tanto com sua formação intelectual e preparação profissional quanto deveria. Os dados foram retirados da participação de cada item de consumo na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA é calculado com base nos gastos das famílias que recebem de um a 40 salários mínimos.


Em outro ponto da reportagem em questão, Jornal do Commercio cita o seguinte caso:

O trabalhador Xxxxxxx Xxxxxxx xx Xxxxx, 45 anos, reserva parte das suas receitas para jogar duas vezes por semana. Xxxxxxx, que concluiu o ensino fundamental, acredita que esse é seu principal item de despesa com diversão. 'Acho que gasto mais de R$ 100 por mês com jogo', calcula Xxxxxxx, que tem uma renda de cerca de R$ 1,2 mil. Questionado se gostaria de fazer algum curso, Xxxxxxx explica que falta tempo.


Infelizmente, este é o retrato de nosso país.

Esse é um dos motivos que me fazem acreditar que o voto deveria ser facultativo. Não consigo acreditar que uma pessoa sem educação e cultura seja capaz de eleger políticos honestos e comprometidos com os problemas da nação brasileira. Isso não é preconceito de minha parte, mas a triste conclusão a que chego quando vejo pessoas com pouca instrução vendendo seus votos por pequenos favores, como dentaduras e alguns reais no bolso.

Será que um dia teremos o prazer de ler uma reportagem que informe que o povo brasileiro investiu em educação um valor igual à soma de todos os outros gastos?


(Clique aqui para ler a reportagem citada. Exclusivo para assinantes do Jornal do Commercio ou do UOL)

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