
Sábado retrasado fui almoçar com minha esposa em um restaurante anexo a um supermercado. Chegamos lá por volta das 14 horas, acompanhados da minha cunhada.
No cardápio oferecido pelo estabelecimento em questão, havia um prato à base de frutos do mar. Como adoro frutos do mar, servi-me de modesta porção da citada iguaria.
Durante a madrugada de sábado para domingo, fui acordado por uma estranha dor no abdômen. Aquela dor veio sorrateira, porém aos poucos foi acentuando-se, juntamente ao meu desespero. Não tive escolha, a não ser correr em direção ao toalete.
Lá chegando e, devidamente acomodado, fiquei divagando acerca do sentido da vida, da morte, das mazelas humanas e dos segredos da minha profissão. Após alguns momentos de pura filosofia o serviço estava concluído.
Respirei aliviado, pensando que finalmente poderia voltar à minha quente e aconchegante cama. Pobre coitado.
Deitei-me novamente, arrumando o travesseiro para deixá-lo bem confortável. Ao recostar a cabeça, novamente aquela dor marcou presença. Não tive escolha: voltei ao trono.
Após mais uma série de divagações, fui à cozinha buscar um frasco de "Bom Ar", para dar uma aliviada na densa atmosfera que se instaurou no lavatório de meu lar. Após algumas 'rajadas' do spray, voltei ao meu leito.
Eis que, ao chegar, minha esposa, meio confusa, atordoada e sobressaltada, corre em direção ao banheiro, acusando severa dor abdominal.
E assim transcorreu aquela agitada e nem um pouco divertida madrugada: eu e minha mulher revezando o trono.
Amanhecido o dia, minha esposa sugeriu que ligássemos para uma farmácia, a fim de pedirmos um remédio que cortasse aquele mal. Lembrei-me que certa vez utilizei um medicamento à base de carvão ativado, que foi muito eficiente para a contenção da enxurrada digestiva. Minha esposa, no entanto, não teve boa aceitação a tal medicamento. Desta forma, ela lembrou que sua mãe lhe deu, quando pequena, um remédio que lhe foi muito útil.
Seguindo as instruções de minha esposa, liguei para a referida farmácia:
- Alô, boa tarde, é da farmácia? Será que a senhora poderia enviar-me um vidro de leite de magnésia, por favor?Alguns minutos depois, tocaram o interfone, anunciando a chegada do anjo salvador de nossas pobres almas.
Ao receber o medicamento e ler o rótulo, fiquei bastante assustado, ao deparar-me com o seguinte trecho:
'... duas colheres de sopa para efeito laxativo...'É óbvio que não tomei o tal medicamento, tampouco minha esposa. Se tivéssemos tomado, é bem provável que eu não estaria aqui para contar esta história.
Depois de alguns dias desfizemos o mal entendido: minha esposa tinha esquecido o nome do medicamento, e por algum motivo que eu desconheço, pensou no leite de magnésia.
Com o susto levado ao ler o rótulo, não precisei de mais nenhum remédio para conter o meu desenfreado fluxo digestivo...
Descobri que, para diarréia, um bom susto é um santo remédio!